No dia 26 de outubro um dos mais talentosos e importantes artistas do Brasil e da América Latina, o cantor e compositor Milton Nascimento (também conhecido com o apelido de Bituca) completou 75 anos de vida. Mineiro de coração e nascido na Tijuca no Rio de Janeiro, sendo ele filho de mãe sem pai e posteriormente fora adotado por um casal cuja música era presente em suas vidas : A mãe era professora de música e o pai dono de uma rádio. Estes fatos somados transformaram sua vida e a cena musical brasileira.
Milton gravou em média 34 álbuns durante sua carreira e fez parcerias com muitos músicos brasileiros e de outros países, tais como Wayne Shorter, Bjork, Sarah Vaughan, Chico Buarque, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Peter Gabriel, Lô Borges, Beto Guedes, Simone, Elis Regina e muitos outros.
Seu primeiro contato com instrumentos foi aos dois anos de idade, logo depois ganhou uma pequena sanfona de 2 baixos e com os 14 tornou-se músico profissional tocando em boates com Wagner Tiso, segundo consta em sua entrevista à Revista Brasileiros.
Sua canção mais conhecida nacionalmente é coração de estudante.
Reproduziremos um trecho de uma entrevista concedida à Revista Brasileiros onde ele explica a história dessa composição.
“Brasileiros – A superação do alcoolismo coincidiu com a reabertura política, quando você compôs Coração de Estudante, que se tornou um hino das Diretas Já! Como surgiu a canção?
M.N. – Silvio Tendler fez um documentário chamado Jango e fui convidado para compor a trilha, com o Wagner. Quando o filme ficou pronto Silvio nos chamou para assistir e foi aquele negócio que mexeu demais com a gente. O final mostra o Jango numa tremenda solidão, de muleta, em sua fazenda, e essa cena me fez lembrar a época em que eu andava com os estudantes. A música que tocaria na cena não tinha ainda o nome Coração de Estudante. Dias depois recebi o telefonema de um amigo que estava em Roma e estava mal, não conseguia se concentrar e estudar direito por lá. Disse a ele para vir passar uns dias no Brasil, porque aqui ele conseguiria se isolar e mergulhar nos estudos. Reservei um quarto, um escritório, e fiz de conta que ele não existia. Um dia ele chegou tão cansado que sentou na cama e caiu duro. Peguei um caderno, subi no segundo andar da casa, e fiz a letra, de uma tacada só. Terminada a letra, afundei no sofá e, ao olhar para cima, vi uma planta que tinha folhas semelhantes a corações e que, por conta disso, tem o nome de coração de estudante. Foi aí que tive um estalo e pensei: “É isso. Agora sim a música está pronta!”.
Coração de estudante(com Wagner Tiso) o hino das diretas já
Seu primeiro álbum foi o Travessia de 1968, pela Codil, título de uma canção que carrega o mesmo nome e foi composta por ele e por Fernando Brant. Esta música ocupou o segundo lugar no Festival Internacional da Canção de 1967 o que lhe tornou nacionalmente conhecida.
O seu segundo álbum “Courage” já foi gravado nos Estados Unidos, arranjado por Eumir Deodato e teve a participação de Herbie Hancock. Neste álbum há canções como “Vera Cruz” e data o início de sua carreira internacional.
Todos os álbuns e canções por ele gravada.os, têm igual importância, o que dificulta saber qual o melhor. Porém alguns são mais importantes por conta do período histórico e dado o contexto certas composições e interpretações ganham mais intensidade. Um exemplo é o disco “Milagre dos Peixes” de 1973 que quase foi censurado pela ditadura e saiu quando ele retornou ao Brasil, tendo que enfrentar umas das décadas mais sombrias da história do Brasil, sendo que foi a continuação do endurecimento da ditadura e o aumento da censura. Lembrando que este álbum teve a participação de Clementina de Jesus.
Pra terminar essa breve homanagem a este grande ser humano, talentoso e profundamente conectado com as muitas almas, deixaremos abaixo o álbum preferido da equipe do “Dentadura Postiça”, leais viajantes desse mundo profundo cheio de belezas e muitas vezes de solidão. A solidão de um exílio conhecida de todos que já saíram de casa e voltaram, mas que continuam exilados mesmo em seu leito de nascença. Este, é o “Clube da Esquina 2″, um disco que nos faz viajar pelas tantas estradas e esquinas presenciadas pelos nossos desejantes olhos, onde os cheiros ficaram e ficam gravados, onde o coração bateu e continua a bater forte, seja por medo, por emoção, por ansiedade, por conta do novo, do desconhecido, seja por conta de um amor etc.
Referências
http://www.paginab.com.br/cultura/nos-bailes-da-vida
https://pt.wikipedia.org/wiki/Milton_Nascimento
http://miltonnascimento.com.br/site/vida.php?n=10
https://www.revistaforum.com.br/2017/10/26/ha-75-anos-o-brasil-e-o-mundo-ganhavam-milton-nascimento-de-presente/