Dorival Caymmi teria completado cem anos, se estivesse vivo, no último janeiro deste ano de 2014. Mas sua obra, e sua baianidade permancem vivas. Aliás, arrisco-me a dizer que sua obra permanece atemoral. Dorival, Bahiano manso, tranquilo e que cantava as coisas lindas da Bahia, do povo Bahiano, com uma naturalidade, tal qual João Gilberto cantara situações de seu cotidiano e levaria a Bossa Nova, juntamente com outros célebres artistas, ao topo das mais respeitadas músicas brasileiras. Caymmi, é um desses, como Jorge Amado, e João Ubaldo Ribeiro. Dorival Caymmi e Jorge Amado foram os artistas que mais poeticamente e imageticamente descreveram os costumes do Bahiano. Um com romances respeitados no mundo inteiro e no Brasil, e o outro em Música, a expressão cultural de mais importante para o Brasileiro. Deleuze dizia no texto acerca do Ritornelo, sobre uma criança que tomada de medo e no escuro, que salta do caos ao estável, pela canção. Essa ação não está distante do povo que Caymmi descreve, em suas cantigas, suas cirandas. Esta gente que tanto sofreu com governos indiferentes, com escravidão, com todos os problemas que parte dos Bahianos e brasileiros conhecem bem. Nessa perspectiva deleziana se encaixa o Bahiano, que sempre que esteve no caos, no escuro e com medo, cantou, e saltou, canta e cria seu próprio centro calmo e estável. Talvez seja o segredo do Bahiano, ser e manter sua calmaria como uma das grandes virtudes.
Vos deixo com algumas canções do nosso amado e querido Dorival, pelos cem anos e pela atemporalidade de sua bela obra.
Referências:
http://pt.wikipedia.org/wiki/
Deleuze, Gilles, Mil Platôs 4; Ed 34